Esparramado no sofá da sala da presidência, Roberto Dinamite via, ouvia e sentia os protestos dos torcedores. São Januário, com mais de 10 mil torcedores na noite de quarta-feira, foi palco da quarta derrota consecutiva do Vasco, da melhor apresentação do Internacional no Campeonato Brasileiro e de manifestações democráticas dos sofridos vascaínos. A frase que mais chamou a atenção, estendida na arquibancada de cimento da Colina Histórica, resumia a dor de quem reivindicava: “Vendeu o time inteiro, perdeu o Brasileiro, cadê o dinheiro”.
A frase é verdadeira, mas tem resposta pronta. O dinheiro não existe porque o Vasco vive situação econômica gravíssima. Chovem dívidas, a grana quando entra sai rápido e a diretoria não consegue resolver esses problemas. Diego Souza foi vendido ao Al-Itthad e o dinheiro até agora não apareceu. Sinal que o acordo foi mal feito. O Vasco ficou sem a sua alma ofensiva e não levou a grana. Dramático.
No fundo, os vascaínos sabem que não há mais chances de obter a quarta vaga para a Libertadores. A distância para o São Paulo é de cinco pontos, mas a distância do futebol que o Vasco de outubro joga é de 15 pontos a menos para o Vasco de junho, que chegou a liderar o Brasileiro. A diretoria perdeu Rômulo, Allan, Fagner e Diego Souza e não soube repor as perdas. Wendel ainda não conseguiu ser Rômulo (e não será). Auremir não é Allan. Jonas jamais será Fágner. E comparar Carlos Alberto com Diego Souza é fazer o cruzamaltino sentar e chorar. Para piorar, a crise chegou ao gramado. A blindagem funcionou muito tempo. Agora estourou. Salários atrasados mexem com o boleiro. Enfraquecem a mente. Dividem prioridades. E esvaziam o desempenho. É natural. Trabalhe sem receber para você ver se renderá o mesmo. Pode funcionar por um, duas, três rodadas… Depois, a bolha explode.
O Vasco se enfraqueceu. Perdeu o rumo. E deveria esquecer essa fantasia de Libertadores para se concentrar no time, na preparação para 2013. Qual é o dirigente do Vasco que entrará no vestiário para ver quem quer ou não continuar em São Januário? Por sinal, quando Roberto Dinamite sairá da sua sala e explicará aos torcedores a verdadeira situação do clube, sua opinião sobre o momento do futebol e seus planos? Roberto é mais do que presidente. É ídolo. E ídolos nunca deixam de botar a cara nas horas decisivas. Roberto sempre foi assim. Resolvia quando era chamado. E muito bem. Que não negue seu passado de referência agora, no papel de cartola.
Quanto ao Internacional, também fica o lamento de saber que se o time jogasse sempre assim hoje estaria brigando pelo título. Uma sequência de grandes atuações de D`Alessandro e Forlan faz com que qualquer time levante vôo. Não dá para viver de amostras. O Inter mais uma vez demorou a decolar. E, como o Vasco, só pode (e deve) pensar em 2013.
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