terça-feira, 20 de novembro de 2012

Crônica Vascaína....

Tu, Vasco, não nasceste em berço esplêndido como teus co-irmãos. Foste criado no subúrbio, cresceste em meio aos pobres, aos negros, aos operários, aos renegados, aos marginais. Não tens o Cristo pela frente a abençoar-te porque já vieste ao mundo abençoado pela Cruz que reluz em teu peito. Não foste acolhido pelos abastados, mas acolheste sob teus braços toda qualidade de gente.
Ahh… meu Vasco querido, de grandeza imensurável, não importa o recorte que se faça da história, ou o tempo em que te olhem, só é possível enxergar-te imenso. Fecho os olhos e lembro-me do que não vivi.
Vejo agora pela frente as temidas Camisas Negras, que mudaram o curso da história. Trouxeste, àquele tempo, a novidade. Não eras um time de “Players”, não disputavas os “Matchs” contra seus rivais. Vieste à cena ensinar que o jogo é jogado por jogadores, vieste com a missão de popularizar o esporte. Respeitavas e, ao mesmo tempo, equalizavas as diferenças. Incomodavas por isso.
Os demais entendiam que as diferenças não poderiam conviver em um mesmo campo. Ingleses não misturam-se com brasileiros. Brancos não dividem o “Field” com negros. O pobre é o pobre e o rico é o rico, e assim que as coisas devem ser. Impuseram-te barreiras, normas, regras estúpidas, tudo para impedir-te de cumprir sua razão de ser. Declinastes, então, da disputa em nome de seus princípios. Evidente que tu não aceitarias perder tua essência e tua razão social.
Mas agradeças aos rivais pela mesquinharia. Agradeças por todas as barreiras impostas. Foi justamente aí que mostraste tua grandeza a todos. Se teu combalido campinho não servia de palco para as pelejas, ergas então teu castelo com as pedras atiradas.
Se os rivais soubessem que as medidas arbitrárias serviriam apenas para unir-te mais ainda a teu povo, talvez tivessem desistido antes. Tua gente estava disposta a lutar, com ainda mais afinco, em todas as batalhas que viessem pela frente. E foi assim na base da luta e do amor de seus torcedores que construíste teu palco.
Agora tu eras grande por dentro e por fora. Viraste naquele instante o Gigante da Colina, pronto para conquistar tudo que houvesse para ser conquistado.

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