Um grande ídolo da torcida vascaína se despede do futebol no próximo domingo (13/01). Uma grande festa é prepara para ele em São Januário, casa do menino Pedro Paulo de Oliveira desde os 6 anos de idade.
Mas para a merecida festa de despedir se tornar inesquecível, será necessário o comparecimento dos vascaínos, abraçar esse cara que sempre respeitou e honrou a cruz-de-malta que carregou durante tanto tempo em seu peito.
Pedrinho concedeu uma entrevista ao AVT! e falou, entre outras coisas, que espera o comparecimento do torcedor vascaíno e não só pela sua despedida, mas para abraçar o time neste momento difícil.
Confira a entrevista na íntegra:
Ao Vasco, Tudo!: Você acredita que aquela lesão, sofrida na partida contra o Cruzeiro, mudou toda sua carreira?
Pedrinho: “Ah, mudou. Eu era muito jovem, mas já tinha uma certa experiência no grupo. Numa quinta-feira, saiu a convocação, eu fui convocado e a apresentação era na segunda, só que teve um jogo no final de semana contra o Cruzeiro e eu me machuquei e não pude me apresentar. Depois dessa lesão, veio uma outra no joelho e uma sequência de lesões musculares. Isso, com certeza, mudou um pouco o percurso da minha carreira.”
AVT: Você sentiu raiva do Jean?
Pedrinho: “Não, porque, desde o primeiro momento, eu achei que ele foi na bola. Foi com muita força para o lance, mas tinha ido na bola. Só fiquei um pouco chateado por ele não ter ligado nem nada, mas não que eu tivesse achado que ele tivesse ido na maldade, nada disso.”
AVT: Como você encarava os clássicos regionais?
Pedrinho: “Contra Botafogo e Fluminense era mais tranquilo. Agora, contra o Flamengo, realmente era mais especial. Desde pequeno eu aprendi em relação ao Vasco e Flamengo. Não dormia direito preocupado em jogar bem, então eu entrava com muita vontade. Eles [Flamengo] falavam que a gente sempre perdeu pra eles, mas, na realidade, a gente perdia mais no Carioca. No Brasileiro, na maioria das vezes a gente ganhou. E, graças a Deus, eu consegui me destacar bastante em cima do Flamengo.”
AVT: E as embaixadinhas contra o Flamengo? Foi para tirar um sarro deles?
Pedrinho: “Não. No lance do pênalti e na minha comemoração eu realmente extravasei muito. Eu tinha sofrido bastante com a torcida do Flamengo em relação às minhas lesões. A embaixadinha acabou que foi consequência e ficou marcado na história.”
AVT: Você acha que, em 2008, se você tivesse tido mais oportunidades o Vasco não teria caído?
Pedrinho: “Eu não posso ter a falta de humildade de falar que eu jogaria e o Vasco não cairia, não é isso. Talvez o Vasco até tivesse caído comigo jogando. Eu só queria ter tido a oportunidade de jogar. E, mesmo que tivesse que cair com o Vasco, estar jogando, lutando e isso não foi o que aconteceu. Acho que somados todos os minutos que eu entrei em campo não dava nem 2 jogos completos. Então, não tinha como eu entrar em forma ou tentar ajudar de alguma forma.”
AVT: O que passou na sua cabeça no momento da queda?
Pedrinho: “O sofrimento de ver pessoas sofrendo ali em volta. Crianças e adultos chorando… Ver teu time de coração naquele momento caindo é muito difícil. Ver um clube vitorioso como o Vasco, com tantas conquistas, chegar naquele ponto. Mas acho que foi uma demonstração de amor de todo o estádio, não só minha, de amor ao clube. No próprio ano seguinte, a torcida demonstrou todo o carinho e o Vasco voltou para o seu lugar.”
AVT: Você queria ter jogado a Série B?
Pedrinho: “Queria, lógico! Queria muito, mas, infelizmente, não aconteceu. Alguns problemas aconteceram lá dentro [de São Januário] e eu não renovei. Ali já foi realmente o início do fim da minha carreira.”
AVT: Como será voltar a São Januário? Você está ansioso?
Pedrinho: “Fico muito ansioso. A gente fica porque tem toda uma história. Desde o momento que recebi o convite para receber essa homenagem, você vai lembrando de tudo que aconteceu na sua carreira. Eu cheguei no Vasco com 6 anos de idade e muitas vezes eu ia de manhã para o futebol de campo, voltava para ir para o colégio e de noite voltava para o Vasco pra jogar futebol de salão. Sei todo o processo que se passa ali, conheço todos os funcionários. Então, isso mexe comigo e agora com a família toda lá, meus filhos, que não puderam me ver jogar, têm a oportunidade de ir no estádio. Isto pra mim não tem preço.”
AVT: Como você vê esses novos jovens da base do Vasco?
Pedrinho: “Os meninos da base têm que estar preparados pra entrar sempre no momento difícil. A preparação dos treinadores, dos diretores que estão lá tem que ser feita para esses meninos enfrentarem os momentos difíceis, porque, dificilmente, eles vão ter oportunidades com o time vencendo. Quando eu subi em 1995, o Vasco estava com seis derrotas seguidas e eu tinha 17 anos. É importante dar oportunidade para esses meninos, é importante também ter jogadores experientes lá para que pudessem evoluir. O Vasco sempre foi um clube que revelou bastante e não pode perder essa origem.”
AVT: Em uma entrevista após sua primeira convocação, em 1998, você falou que por ser mais velho que o Felipe o defendia. Tem alguma história engraçada do ‘Maestro’ Felipe?
Pedrinho: “(risos) Acabou que, com o passar do tempo, aconteceu o contrário. O Felipe, pela personalidade dele, acabou tomando frente. Muitas vezes eu deixava alguns problemas de lado e ele sempre tomou a frente. O Felipe sempre foi um cara de muita personalidade, um grande amigo que eu tenho. Pra mim, é uma tristeza muito grande ele não participar desse jogo, realmente eu não esperava isso. Esperava que ele tivesse lá, jogasse o jogo e continuasse no Vasco. Infelizmente, isso não aconteceu. Mas, com certeza, é um cara que está marcado na história do clube.”
AVT: Você aceitaria assumir algum cargo de diretoria no Vasco?
Pedrinho: “Diretamente, dessa forma, eu acredito que não. De repente, seria mais como um parceiro pra trazer empresas, patrocínios. Isso é um caso a se pensar, mas, como gestor mesmo, de repente, só de categoria de base. Profissionalmente, não.”