O movimento "Eu abro mão", que consistem em imprimir a mão de torcedores e vascaínos ilustres nos muros de São Januário, foi encerrado com chave de ouro. Ex-massagista e uma das figuras mais emblemáticas do Vasco, Pai Santana foi o último a ter a mão reproduzida. Ao todo, 1923 mãos foram impressas, simbolizando o ano em que o Vasco conquistou o Carioca com negros em seu time. No ano seguinte, o clube se recusou a dispensar seus jogadores negros e mulatos para participar do torneio ao lado de Fluminense, Flamengo, Botafogo, América e Bangu.
A campanha faz parte da divulgação da terceira camisa do Vasco, que também homenageou o emblemático time. Na época, o presidente do clube José Augusto Prestes enviou uma carta ao Dr. Arnaldo Guinle M. D., presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Confira a reprodução abaixo:
As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada bem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número de nossos associados. Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigaram-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções. Quanto à condição de eliminarmos 12 dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar; por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consórcios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa. Estamos certos que V.Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923. São esses 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias. Nestes termos, sentimos ter que comunicar que a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA. Queria V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever. Obrigado,
Fonte: GloboEsporte.com
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