O nome de Ricardo Gomes no visor do celular que tocava sobre a mesa estremeceu a redação. A voz grave, inconfundível, não deixava dúvidas de que era ele mesmo, o técnico do Vasco, retornando nesta sexta-feira, à noite, uma das muitas ligações que recebeu desde que sofreu um AVC, em pleno Engenhão, no dia 28 de agosto.
— Tudo bem? Algumas palavras talvez não saiam direito — avisava, como saudação inicial para uma alegre conversa que viria a seguir.
Ricardo falou até o fim da bateria. Do celular. Já a sua continua carregada para novos desafios que virão, como, por exemplo, a volta ao trabalho. Ele planeja retomar as atividades em fevereiro, a tempo de assumir as rédeas do time na Libertadores, mas antes, no mês que vem, sonha ir a São Januário na condição de torcedor, para acompanhar as rodadas finais do Campeonato Brasileiro.
Algumas palavras ainda são pronunciadas com a dificuldade que Ricardo espera não ter em breve. Para ele, o drama acabou e, agora, a hora é de reassumir o controle total do corpo, com 10 quilos a menos que, por sinal, não lhe fazem a menor falta.
Ricardo vai se alimentando normalmente, faz fisioterapia, fonoaudiologia, usa muletas e assiste aos jogos do Vasco, em casa, pela televisão. Toma, enfim, os remédios para controlar a pressão que poderiam ter evitado o drama por que passou. Está animado, sorridente, de excelente humor e, nos últimos dias, com um sonho na cabeça: receber a faixa de campeão brasileiro diante da torcida do Vasco, sua nova e eterna paixão.
Como está a recuperação?
Estou me recuperando muito bem. O negócio foi muito, muito grave mesmo... Meu pai teve a mesma coisa, com 43 anos. Foi má fabricação (risos).
Depois desse susto, você ainda vai voltar a trabalhar como treinador?
É claro que vou voltar. Os médicos dizem que posso trabalhar normalmente. Mas ainda não estou andando como antes. É preciso ter um pouco de calma.
Está usando cadeira de rodas para se locomover?
Já consigo usar muletas.
Já sai de casa?
Ainda não dá.
Você tem os movimentos da perna e do braço direitos?
Consigo mexer o braço e a perna, sim. Mas ainda falta um pouco de sensibilidade. Esse é o problema. Mas sinto algum progresso a cada dia que passa.
Quando você acha que vai conseguir trabalhar?
Vamos ver... Penso em voltar em fevereiro. Eu e os médicos estamos tentando fazer o melhor possível.
Então, quer dizer que, como diz a torcida, "Libertadores, qualquer dia tamos aí"?
(Risos). Exatamente. Espero que sim.
Mas, antes, vai assistir a algum jogo do Campeonato Brasileiro em São Januário?
Se eu conseguir, será ótimo. Vou tentar. Mas estou vendo todos os jogos pela televisão. Comecei a assistir ainda no CTI, quando o Vasco enfrentou o Figueirense.
Está gostando do trabalho do Cristóvão?
Claro que estou. Ele está indo muito bem. Está de parabéns. O Vasco é líder. Isso não é fácil...
Você se lembra do que sentiu na hora do AVC?
Senti uma coisa estranha. Um formigamento, mas muito forte. Ali, eu já sabia... O negócio foi pesado. Lembro de tudo, mas apaguei ainda no Engenhão.
Seu pai sofreu um AVC quando tinha três anos a menos do que você, hoje. Ele se recuperou bem?
Ele se recuperou, mas morreu vítima de outro AVC, aos 66 anos. Hoje, teria 86. Mas fui negligente. Tudo isso aconteceu porque fui burro. Tenho que ter mais cuidado. Eu não tomava remédio de pressão. E isso é tão simples...
A sua pressão mantinha-se alta constantemente?
Que nada. Não chegava a tanto. Mas eu tinha alguns picos de pressão, sim.
Estou percebendo o quanto você está animado. Ficou deprimido em algum momento nesse período?
Pelo contrário... Eu quase morri! Poderia ter morrido. Agora, estou muito feliz.
Estava nervoso no jogo contra o Flamengo? Não teria sido esse o problema?
Eu não estava nervoso. Não fico nervoso, não. Os médicos dizem que o AVC não teve nada a ver com o jogo. Aquilo já estava programado.
Quando você espera assistir ao Vasco em São Januário?
Em um mês, talvez... Quero ir nas rodadas finais.
Vai lá no campo receber a faixa de campeão?
Com certeza (risos). Espero que isso aconteça.
Você acha que o Vasco vai ser campeão?
Estou esperançoso. O time está indo muito bem.
O Vasco tem um jogo muito difícil no domingo, contra o Internacional, não?
Exatamente. Se passar, acredito que irá longe.
Há quanto tempo está falando no celular?
Deixei o celular desligado esse tempo todo. Há uns dois, três dias, estou retornando as ligações.
Consegue ler e-mails? Leu os que tenho enviado?
Consigo, mas não estava usando o computador. Mas, agora, vou responder. Vou responder inclusive os seus.
Os médicos disseram que, com a inatividade, seu joelho direito, operado nos tempos de jogador, está incomodando. Como está se sentindo?
Isso é verdade. Sinto uma dor muito forte. Mas já está melhorando.
Você perdeu peso? Está mais magro?
Perdi muito peso. Acho que uns 10 quilos. Mas isso não é problema. Isso é até muito bom pra mim.
A alimentação é normal? Está tomando os remédios para pressão?
Eu me alimento normalmente e, claro, agora estou tomando os remédios (risos).
Como está sua aparência?
Boa, mas estou cada vez mais velho (risos). A cada dia mais velho...
Teme ficar deprimido ou tem paciência para aturar o processo lento da recuperação?
Que nada. O pior passou. Acabou. Vou pra guerra.
— Tudo bem? Algumas palavras talvez não saiam direito — avisava, como saudação inicial para uma alegre conversa que viria a seguir.
Ricardo falou até o fim da bateria. Do celular. Já a sua continua carregada para novos desafios que virão, como, por exemplo, a volta ao trabalho. Ele planeja retomar as atividades em fevereiro, a tempo de assumir as rédeas do time na Libertadores, mas antes, no mês que vem, sonha ir a São Januário na condição de torcedor, para acompanhar as rodadas finais do Campeonato Brasileiro.
Algumas palavras ainda são pronunciadas com a dificuldade que Ricardo espera não ter em breve. Para ele, o drama acabou e, agora, a hora é de reassumir o controle total do corpo, com 10 quilos a menos que, por sinal, não lhe fazem a menor falta.
Ricardo vai se alimentando normalmente, faz fisioterapia, fonoaudiologia, usa muletas e assiste aos jogos do Vasco, em casa, pela televisão. Toma, enfim, os remédios para controlar a pressão que poderiam ter evitado o drama por que passou. Está animado, sorridente, de excelente humor e, nos últimos dias, com um sonho na cabeça: receber a faixa de campeão brasileiro diante da torcida do Vasco, sua nova e eterna paixão.
Como está a recuperação?
Estou me recuperando muito bem. O negócio foi muito, muito grave mesmo... Meu pai teve a mesma coisa, com 43 anos. Foi má fabricação (risos).
Depois desse susto, você ainda vai voltar a trabalhar como treinador?
É claro que vou voltar. Os médicos dizem que posso trabalhar normalmente. Mas ainda não estou andando como antes. É preciso ter um pouco de calma.
Está usando cadeira de rodas para se locomover?
Já consigo usar muletas.
Já sai de casa?
Ainda não dá.
Você tem os movimentos da perna e do braço direitos?
Consigo mexer o braço e a perna, sim. Mas ainda falta um pouco de sensibilidade. Esse é o problema. Mas sinto algum progresso a cada dia que passa.
Quando você acha que vai conseguir trabalhar?
Vamos ver... Penso em voltar em fevereiro. Eu e os médicos estamos tentando fazer o melhor possível.
Então, quer dizer que, como diz a torcida, "Libertadores, qualquer dia tamos aí"?
(Risos). Exatamente. Espero que sim.
Mas, antes, vai assistir a algum jogo do Campeonato Brasileiro em São Januário?
Se eu conseguir, será ótimo. Vou tentar. Mas estou vendo todos os jogos pela televisão. Comecei a assistir ainda no CTI, quando o Vasco enfrentou o Figueirense.
Está gostando do trabalho do Cristóvão?
Claro que estou. Ele está indo muito bem. Está de parabéns. O Vasco é líder. Isso não é fácil...
Você se lembra do que sentiu na hora do AVC?
Senti uma coisa estranha. Um formigamento, mas muito forte. Ali, eu já sabia... O negócio foi pesado. Lembro de tudo, mas apaguei ainda no Engenhão.
Seu pai sofreu um AVC quando tinha três anos a menos do que você, hoje. Ele se recuperou bem?
Ele se recuperou, mas morreu vítima de outro AVC, aos 66 anos. Hoje, teria 86. Mas fui negligente. Tudo isso aconteceu porque fui burro. Tenho que ter mais cuidado. Eu não tomava remédio de pressão. E isso é tão simples...
A sua pressão mantinha-se alta constantemente?
Que nada. Não chegava a tanto. Mas eu tinha alguns picos de pressão, sim.
Estou percebendo o quanto você está animado. Ficou deprimido em algum momento nesse período?
Pelo contrário... Eu quase morri! Poderia ter morrido. Agora, estou muito feliz.
Estava nervoso no jogo contra o Flamengo? Não teria sido esse o problema?
Eu não estava nervoso. Não fico nervoso, não. Os médicos dizem que o AVC não teve nada a ver com o jogo. Aquilo já estava programado.
Quando você espera assistir ao Vasco em São Januário?
Em um mês, talvez... Quero ir nas rodadas finais.
Vai lá no campo receber a faixa de campeão?
Com certeza (risos). Espero que isso aconteça.
Você acha que o Vasco vai ser campeão?
Estou esperançoso. O time está indo muito bem.
O Vasco tem um jogo muito difícil no domingo, contra o Internacional, não?
Exatamente. Se passar, acredito que irá longe.
Há quanto tempo está falando no celular?
Deixei o celular desligado esse tempo todo. Há uns dois, três dias, estou retornando as ligações.
Consegue ler e-mails? Leu os que tenho enviado?
Consigo, mas não estava usando o computador. Mas, agora, vou responder. Vou responder inclusive os seus.
Os médicos disseram que, com a inatividade, seu joelho direito, operado nos tempos de jogador, está incomodando. Como está se sentindo?
Isso é verdade. Sinto uma dor muito forte. Mas já está melhorando.
Você perdeu peso? Está mais magro?
Perdi muito peso. Acho que uns 10 quilos. Mas isso não é problema. Isso é até muito bom pra mim.
A alimentação é normal? Está tomando os remédios para pressão?
Eu me alimento normalmente e, claro, agora estou tomando os remédios (risos).
Como está sua aparência?
Boa, mas estou cada vez mais velho (risos). A cada dia mais velho...
Teme ficar deprimido ou tem paciência para aturar o processo lento da recuperação?
Que nada. O pior passou. Acabou. Vou pra guerra.
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