domingo, 25 de dezembro de 2011

Opinião: 'O Vasco, o Cristo e o Natal'

O Natal nos traz ao coração uma certa nostalgia. É uma data de lembranças, reminiscências. É aquele dia em que você se recolhe ao seu canto, faz da sua casa um monastério, põe-se a meditar, a pensar nas coisas que realmente lhe importam e não lhe importam. É no Ano Novo que fazemos os grandes projetos acontecerem, mas é no Natal que uma certa "dor-de-cotovelo" do bem nos faz repensar e amadurecer os projetos que virão.

Talvez porque, no Natal, possamos comparar a nossa pequenez, a nossa mesquinharia, com a grandeza do Filho de Deus, nascido e chegado para cumprir, por todos nós, aquilo que jamais poderíamos cumprir por nós mesmos.

O Vasco da Gama, esse clube tão retórico de nossa galeria do desporto nacional, teve a singeleza de lembrar-se de colocar sobre sua camisa, estampada no peito, uma cruz. Sendo pátea, sendo cruz-de-malta, sendo a cruz que for: a cruz colocada no peito da nossa gloriosa camisa está diretamente ligada à Ordem Militar de Cristo, emblema dos grandes navegantes como esse que dá nome ao clube.

O Vasco é da ordem militar de Cristo.

Você entende por que o Vasco da Gama tem tanta vocação para lutar por minorias, para embainhar a bandeira dos pobres, iletrados e injustiçados? Você entende por que ele é um clube de torcida gigante, mas não é um clube de maiorias bitoladas, massas acéfalas, fariseus do desporto?

Você entende por que o Vasco da Gama não combina com os vaidosos, jactantes, presunçosos e inescrupulosos, mesmo quando eles se travestem de sua camisa para posarem como originais (não são originais, estão apenas "travestidos" de Vasco)?

Você entende por que o Vasco da Gama não combina com autoritarismo, com partidarismo de ocasião, com curral eleitoral, com curra política, com opressão ou com ditadura?

Você entende por que o Vasco da Gama construiu o Gigante da Colina - maior estádio brasileiro de sua época, então templo do futebol - com o suor e o esforço dos seus legionários torcedores, que fizeram história com suas próprias forças, sua própria fé?

Esse Vasco, que carrega no peito o orgulho da portentosa cruz de Cristo, aprendeu a renunciar, aprendeu a sofrer perseguições, aprendeu a ser caluniado, vilipendiado. Aprendeu até mesmo a morrer. Mas, fiel a mensagem da cruz, ressuscitou como nenhum outro, empreendeu batalhas homéricas, trouxe grandes vitórias.

O ano de 2011 é uma síntese de nossa história. O tamanho da nossa grandeza é medido pela pequenez irracional das provocações chulas, eivadas de despeito, dos adversários sujos querendo nos esfarrapar. O mar revolve-se, mas a caravela vascaína passa!

E nós, vascaínos, não perderemos nunca nosso tempo discutindo taças, títulos, conquistas, colocações. Deixemos esse artifício para as meretrizes de taças, as prostitutas do ganho, as rameiras do orgulho insano.

Nós, vascaínos, só sabemos falar de AMOR... do clube a que amamos, do clube por quem nos doamos. A torcida do Vasco dá as costas pra quem procura tabelas e troféus: o que procuramos é amar e reconhecer o nosso clube com a grandeza de paixão com que o acolhemos e por ele somos acolhidos.

Amor não se discute em prateleira de supermercado...

E que este Natal, mais um com a cruz-de-malta da Ordem Militar de Cristo no peito, nos faça lembrar que "um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz", conforme a profecia bíblica em Isaías 9:6.

Deus abençoe a todos os vascaínos neste lindo Natal!

Por: Hélio Ricardo

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