sexta-feira, 23 de março de 2012

Média de público do Vasco é a menor entre brasileiros na Libertadores.

 

Prestes a completar 85 anos, no dia 21 de abril, São Januário é um estádio com roupagem nova. O gramado foi reformado, o velho alambrado deu lugar a vidros, o placar foi substituído por um moderno equipamento com imagens em alta definição, a arquibancada ganhou novas cores, camarotes foram construídos, e o acesso melhorou consideravelmente. Soma-se a isso o retorno do Vasco à Libertadores após 11 anos. Apesar de tudo isso, o Caldeirão não entra em ebulição: em nenhuma das três partidas pelo torneio houve lotação máxima. Longe disso.
A média de público contra Nacional-URU, Alianza Lima-PER e Libertad-PAR ficou em 12.712 pagantes. Levando-se em conta que são colocados à venda cerca de 19 mil bilhetes (a capacidade máxima é de 23 mil), conclui-se que um terço dos lugares estava vazio. É uma média bem inferior à dos outros brasileiros na Libertadores.
O curioso é que a Copa do Brasil do ano passado, competição que credenciou o Vasco a disputar a Libertadores, atraiu mais gente. Naquela campanha, que teve média de 14.066 pagantes, somente uma partida não teve público maior do que qualquer uma das três na Libertadores. Foi contra o Náutico, disputada com reservas, após vitória no jogo de ida por 3 a 0.
Nos Brasileiros de 2011 e 2010, a média de torcedores também foi maior do que a da Libertadores, com 13.866 e 13.967 pagantes, respectivamente. Na Série B de 2009, com adversários menos expressivos mas com o Maracanã sendo usado em sete partidas, o público pagante foi o dobro: 25.730.
O Vasco, no entanto, não considera baixa a presença dos torcedores na Libertadores. Segundo o vice-presidente de patrimônio Fred Lopes, o público tem correspondido às expectativas, e as melhorias feitas em São Januário não são motivo suficiente para atrair mais gente. Ele argumentou ainda que são destinados 2.500 ingressos para os visitantes e, na vitória por 2 a 0 sobre o Libertad, nessa quarta-feira, o setor ficou praticamente vazio.
- O torcedor é motivado pelo time. Claro que o torcedor fica feliz com o estádio novo. Isso eleva a autoestima, mas não é suficiente para encher o estádio. A Libertadores tem tido um bom público, mesmo com o time perdendo o primeiro jogo. Até que se inaugurem esses estádios para a Copa do Mundo, o Vasco atualmente tem um dos mais modernos da América Latina - disse o dirigente.
Um fator que pode contribuir para os públicos decepcionantes na Libertadores é o preço dos ingressos. A arquibancada em São Januário custa R$ 60, preço acima do cobrado por Corinthians, Flamengo, Fluminense e Santos - apenas no Inter custa mais caro. Na Copa do Brasil de 2011, os bilhetes saíam pela metade do preço, tendo custado R$ 20 em alguns jogos promocionais.

Comparação entre médias de público pagante do Vasco
Libertadores (2012) 12.712
Copa do Brasil (2011) 14.066
Brasileirão (2011) 13.866
Brasileirão (2010) 13.967
Série B (2009) 25.730

Nos três jogos pela Libertadores, arquibancada e cadeiras sociais ficaram cheias, ainda que não com a lotação máxima. No entanto, a imagem contrastava com a área vip, deserta. O chamado Setor Premium, que se localiza em um local pouco nobre do estádio (atrás de um dos gols), foi inaugurado em setembro do ano passado e custa R$ 150. São cerca de 1.900 lugares numa área que oferece estrutura própria de banheiros, bar estilizado, painéis com ídolos e trechos da história do clube como parte da decoração.
Fred Lopes concorda que a área vip de São Januário ainda não é bem explorada:
- O Setor Premium foi criado com o objetivo de trazer vendas corporativas, em trabalho com a rede hoteleira e agências de turismo, coisa que ainda aconteceu. Ainda não se definiu o modelo ideal. A empresa responsável está trabalhando para isso. Já identificamos o problema. A média tem sido muito baixa, o que é ruim para nós e para a empresa que fez o investimento. Acredito que haja uma falha na forma de explorar o local. A ideia é atingir um público mais elitizado, com poder aquisitivo maior. Por isso não se pode banalizar o valor. O que acho que está acontecendo é um erro na forma de vender o produto.

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