terça-feira, 17 de maio de 2011

Chico Anysio relembra a Virada do Século.

Chico Anysio relembra a maior virada de todos os tempos
É como se um craque da bola voltasse aos gramados após um bom tempo no departamento médico. Chico Anysio já pode ser visto nas telas da TV com sua marca registrada: o humor fino, inteligente, antenadíssimo com o mundo, que lhe conferiu a camisa 10 na seleção dos mestres do sorriso. A recuperação dos sérios problemas de saúde pelos quais passou nos últimos meses ainda segue, mas a Salomé, de Passo Fundo, uma das centenas de personagens marcantes que criou,  já pode ser vista no "Zorra total", aos sábados, na Rede Globo. Só que, para falar de futebol, o humorista pega emprestada a alegria do dublê de jogador Coalhada e a inspiração do Pantaleão para contar suas histórias. Sem exageros...
O humorista lembra que estava na cidade mineira em excursão com uma peça. Naquela noite, de folga, resolveu assistir à partida no hotel, na companhia do então empresário, Róbson Paraíso, já falecido. Róbson era torcedor do Náutico e também se deixou contagiar pela espetacular reação do Vasco, que no primeiro tempo não viu a cor da bola. Apenas uma jogada de Romário assustou o Verdão, que aos 35 recebeu um presente de Júnior Baiano. O zagueiro cortou um cruzamento com a mão dentro da área. Pênalti que Arce converteu, abrindo o placar. No minuto seguinte, Magrão aumentou, e aos 45 Tuta marcou o terceiro.

Tanto Chico quanto seu amigo Róbson e o resto da torcida do Vasco não esperavam o que aconteceu nos 45 minutos finais. E, conforme o humorista mesmo lembrou, Viola entrou para esquentar um jogo já praticamente perdido. O Vasco partiu para o ataque e, aos 14, Romário diminuiu de pênalti marcado sobre Juninho Paulista. Nove minutos depois, replay: Juninho Paulista derrubado na área, gol de pênalti do Baixinho.

A partir daí, o cearense que conquistou o Brasil passou a acreditar na virada. Nem a expulsão de Júnior Baiano, aos 32, cortou o otimismo, premiado aos 40 com o gol de Juninho Paulista. E a musiquinha tão cantada nos estádios "O Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor..." ganhou forma aos 48,  quando Viola iniciou jogada concluída por Juninho Paulista. No rebote, Romário mandou para as redes pela terceira vez naquela noite e iniciou uma grande festa em São Paulo e no Rio. Chico comemorou, mas do seu jeito.

- Eu não grito gol nem pulo. Fui criado no futebol. Meu pai foi presidente do Ceará Sporting. A concentração era no nosso sítio, em Maranguape. Nunca vi um jogador dizer "o Ceará perdeu", "o Ceará ganhou". Era só "ganhei o bicho", "perdi o bicho". Só pensam no dinheiro. Aí, pensei: eles é que têm que torcer, não eu. Nunca vibrei, nem com a Seleção. Agora, o 4 a 3 do Vasco foi diferente. O outro que eu vibrei foi o do gol do Cocada, na vitória sobre o Flamengo por 1 a 0, na final do Carioca de 1988. Eu estava atrás do gol. O chute do Cocada foi lindo. E a bola espalhou água, estava chovendo... Ele entrou em campo aos 44 do segundo tempo, fez o gol aos 45 e foi expulso aos 46...

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